Me Despeço e Vou

Me Despeço e Vou

terça-feira, 4 de outubro de 2011

Meus queridos olhos azuis

E foi assim que tudo aconteceu depois de um lindo dia de primavera, de noite, de surpresa, de repente...
Quando entrei na casa, você não estava mais lá e, por incrível que pareça, eu já sabia que você não estaria.
Talvez você deva ter visto do telhado da casa, do alto de algum lugar, que eu não chorei. Não chorei porque sei que o senhor não morreu. A gente não morre e o senhor deve ter descoberto isso agora, não é?
Também não quer dizer que eu não vá chorar. Vou chorar sim, de saudade quando assistir ao Corinthians jogar e sentir falta de você brigando com o time, quando quiser ouvir suas histórias de criança. Vou sentir saudade de te explicar como funcionam estes tão complexos telefones celulares de hoje em dia e de te contar como estão as coisas no trabalho.
Talvez, agora aí no céu, o senhor saiba que eu sentei para conversar com você algumas vezes pensando que poderia ser a última. E esta última vez chegou.
Depois de tudo, de nossas longas conversas, dos jogos de xadrez, dos papos sobre o Corinthians e das histórias de infância, só tenho um último pedido a fazer. Peço que o senhor volte para me contar como são as coisas aí em cima, se o senhor está se adaptando, se está aprendendo novas coisas sobre esta nova vida, assim ficaremos papeando durante horas, como fazíamos no sofá da sua casa, para eu matar a minha saudade e ver, pela última vez, seus lindos olhinhos azuis, que sempre me transmitiam tanta calma e que quando cheguei para vê-los pela última vez, já estavam fechados.

(agora que seus joelhos já não doem mais, venha visitar a vovó também e conte para ela que o senhor não morreu, porque talvez ela não saiba)



Eu te amo, Vô.
Vou sentir saudade de ser seu neto.

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