Me Despeço e Vou

Me Despeço e Vou

domingo, 14 de junho de 2009

Déte Détínha (acima das estrelas)


Me lembro como se fosse hoje de quando me levava pra escola. Sei que eu era bem pequeno, mas me lembro de tudo. Lembro que voce ia cantando comigo no caminho, que para mim na epoca parecia longe, por causa das minhas pequenas pernas, mas que na realidade eram apenas tres quadras. Lembro que na volta da escola, voce sempre me comprava um brigadeirao dequeles bem gostosos, voce se lembra? Lembro que no comeco do mes voce me comprava dois e quando o mes ia chegando no final era so um, e eu nao entendia porque...
Lembro que eu e minha irma fomos crescendo e voce sempre esteve por perto, sempre la em casa. Nunca vou me esquecer do otimo humor que voce tinha, acho que nunca te vi brava! Sempre rindo, sempre feliz. Nunca vou me esquecer tambem dos incontaveis “Cúúúcooo” , quando chegava em casa, de chamar minha mae de “Tatinha”... como esse tempo era bom!
Adoro lembrar dos ultimos tempos la em casa, das suas idas com a minha mae ao Divinismo, e dos nossos encontros rapidos nos almocos de domingo, porque eu tinha que ir trabalhar correndo. Voce me via toda a semana e sempre falava para minha mae, enquanto eu pegava a chave do carro e a mochila, indo em direcao a porta, “ Tatinha, como ele esta bonito”, “como ele cresceu”, “vai com Deus meu filho”.
Eh, tudo isso foi muito bom, eu sei! Mas o tempo passa para todo mundo, e voce...adoeceu. Da noite para o dia, bum! , a Déte Détínha, tao feliz, tao forte, na cama de um hospital. Eu nunca quis visita-la, porque nao queria ter sua ultima imagem na minha cabeca de voce deitada em uma cama, mal. Preferi ter sua imagem como voce sempre foi, alegre, disposta...
Entao essa semana, o ceu, e quem habita por la, resolveu pegar emprestada a nossa Déte Détínha, talvez porque eles estejam querendo um pouco mais de alegria la em cima, um pouco mais de risadas, ou talvez eles precisem de alguem para cuidar de alguma crianca por la, como voce cuidou de mim.
Eu entendo, se chegou a sua hora, voce tem que ir sim.
Na madrugada em que voce se foi, eu tive um sonho. Eu estava em uma sala, e minha mae cantava pra mim “estamos indo de volta pra casa...” e era tao lindo, que eu chorava, chorava de alegria. Quando acordei, corri para o orelhao para ligar para a minha mae e contar do sonho, porque eu nao tinha entendido nada. Entao, ela me contou que quem tinha ido de volta para casa, era voce...
Eu, daqui de baixo, so tenho um ultimo pedido, um ultimo passeio. Como aqueles a caminho da escola, cantando, rindo, daqueles que parecem longos para eu poder matar a minha saudade, mas que na realidade sao rapidos. Quando voce puder, gostaria que voce me levasse para passear ai, acima das estrelas, que eh para onde vao as pessoas boas que nao moram mais aqui em baixo, e que temos o costume de chamar de “anjos”. Qualquer noite dessas, entre pela minha janela enquanto eu durmo, e me leve para passear, tah? Prometo que a gente volta antes do sol nascer...
Se voce estiver com saudades da gente aqui, nao se preocupe, dizem que o tempo passa bem mais rapido por ai, e logo logo, poderemos nos encontrar em uma outra vida.
Vai com Deus Déte Détínha, eu te amo!




PS* hoje eu iria comer um brigadeiro para me lembrar dos bons tempos, mas aqui, do outro lado do mundo, nao tem brigadeiros.




Fim.

1 comentário:

  1. Pê, tenho certeza que cada pensamento de amor pela nossa Dete Detinha ela recebe e, quando vocês forem passear, posso ir junto?

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